De bióloga a empreendedora: na semana da mulher, conheça a história da sócia-fundadora da Kumbayá Joias
Nem sempre é fácil escolher que área profissional iremos exercer quando somos tão jovens e inexperientes sobre as possibilidades do mercado. Em geral, essa escolha vem de uma necessidade, de uma percepção – algumas vezes vaga – sobre um ramo de negócio, de uma oportunidade ou até mesmo de uma paixão. Esse último, aliás, foi o caso de Maria Elisa Russolo, sócia-fundadora da Kumbayá Joias, e que garante: ela ama o que faz.
Há 30 anos, Maria Elisa não tinha tanta experiência profissional, mas acreditava que se sairia bem como bióloga. Foi assim que começou a faculdade de uma área que nunca exerceu. No decorrer dos estudos, em 1982, a oportunidade de trabalhar com o sogro, que já tinha duas décadas de experiência no mercado de pedras e fundição de joias, foi mostrando seu verdadeiro caminho profissional: o comércio.
Hoje, casada e com 3 filhos adultos, mantém a loja virtual junto com o marido. A Kumbayá Joias possui escritório e centro de distribuição em Araras, no interior de São Paulo, e tem apresentado ótimos resultados de crescimento – sendo que dobrou as vendas no último ano. É essa história de vida e de sua paixão pelo comércio que Maria Elisa dividiu conosco aqui no blog.
O início
Durante a época em que cursava Ciências Biológicas, na faculdade, o curso de Maria Elisa mudou de diurno para noturno. Foi assim que, com o tempo livre na parte da manhã e tarde, ela começou a trabalhar com os sogros, Jayr e Regina, entendendo mais sobre o comércio e o mercado de fundição de joias, de prata e acessórios.
Ela foi, pouco a pouco, entendendo que o trabalho que fazia em seu dia a dia e gosto por lidar com o público a empolgava mais do que a ideia de exercer uma carreira como bióloga.
“A nossa marca era bastante conhecida na nossa cidade, na nossa região, pelo atendimento que a gente sempre prezou muito, e também pelo tipo produto que era de extrema qualidade, com bom acabamento”
A profissão a levou a trabalhar por sete anos em uma loja física, mas depois ela decidiu se afastar da carreira para cuidar dos filhos. Nessa época, Maria Elisa também teve uma experiência com a fabricação de bijuterias: fazendo as próprias peças, montando e vendendo os modelos. Mas hoje compra produtos já fabricados, algumas vezes em estágio bruto, e depois conta com fábricas parcerias que fazem os banhos de ouro, ouro rosé e ródio nas peças, além disso, a Kumbayá também trabalha com peças em prata de lei, 925.
Maria Elisa também trabalhou no comércio de joias, com vendas de porta a porta.
“Na época fazíamos consórcio de ouro, consórcio de prata (…) a nossa marca era bastante conhecida na nossa cidade, na nossa região, pelo atendimento que a gente sempre prezou muito, e também pelo tipo produto que era de extrema qualidade, com bom acabamento. A gente sempre prezou em dar assistência para nosso cliente e ele era assim, um cliente cativo. Tinham até clientes que moravam fora da cidade que vinham comprar com a gente porque conheciam a nossa marca”, conta.
A loja virtual foi ideia do marido. Após décadas como diretor em uma empresa, o engenheiro, que tinha pouco tempo livre para ficar com a família, decidiu largar a profissão no ano de 2015 e empreender o negócio online com Maria Elisa. Depois de muita pesquisa os dois começaram o e-commerce nesse mesmo ano. Ela gerenciando a parte comercial e ele a parte financeira.
Na loja online trabalham 3 pessoas: ela, o marido e uma colaboradora – mas contam com parceiros para outros trabalhos como embalagem de produtos, design, etc.
Em 2018 eles resolveram apostar nas vendas em alguns marketplaces, incluindo a Americanas Marketplace. A aposta valeu a pena: estes canais ajudaram bastante a loja a ampliar os resultados, sendo que hoje respondem por volta de 60% das vendas da loja.
Todo esse período com as vendas online gerou um bom aprendizado. “Hoje eu domino a parte digital de uma forma diferente que eu dominava há 5 anos”, conta Maria Elisa.
Varejo ou família?
Logo que teve seu primeiro filho, Maria Elisa optou por parar de trabalhar e ficou um ano totalmente afastada do trabalho, até entender que não queria perder o contato com o comércio. O desafio era que a carreira não poderia tomar tanto tempo, já que também desejava acompanhar o crescimento e educação dos filhos.
Nessa época começou a fazer um atendimento mais personalizado para as clientes e trabalhar em um ateliê da família, que permitiu que ela conciliasse a vida pessoal e profissional.
“Eu tinha um ateliê, onde a gente montava bijuterias. A gente fabricava as nossas próprias bijuterias, e eu inclusive levava meu filho junto, ele era bebê, e a gente ia com mala, criança porque eu realmente não queria deixar essa parte (…) Na época foi uma coisa que deu certo, eu não precisei me afastar totalmente da minha profissão, aquilo que eu gostava de fazer, que era lidar com o comércio, e também conseguia cuidar dos meus filhos, da educação deles, que eu também considerava uma parte importante.”, conta.
Loja que trabalha sozinha? Heim?
Na época em que começou a pesquisar plataformas de venda na internet, Maria Elisa ouviu de um conhecido algo que marcou sua postura em relação ao trabalho. O que ela ouviu foi o seguinte: “se você está achando que vai abrir uma loja online, colocar isso aí no ar e vai sair de férias em um mês pra praia, então nem começa, porque não é por aí”.
Acostumada aos clientes das lojas físicas que deixavam mais claro o interesse ou desinteresse na loja, Maria Elisa conta que não entendeu bem a dica naquela época, mas que hoje entende que sem dedicação, não conseguiria ter os atuais resultados.
“Em uma loja física você enxerga o cliente vindo, saindo e consegue saber o que ele tá querendo. Numa loja online você tem que estar mais atento a aquilo que eles estão fazendo dentro do campo da internet, porque às vezes o cliente entra e sai e você não sabe porque ele saiu: se porque achou caro, porque queria uma coisa diferente e eu não tinha – então isso exige da gente um constante pesquisar para que a gente não perca esse cliente.”, diz.
Com algumas pedras pelo caminho
Um dos desafios que Maria Elisa enfrentou no início, ao criar o e-commerce próprio era a concorrência. “Era uma loja no meio de um milhão de lojas”, conta. Além disso, as agências que iam ajudar com o marketing não conheciam o produto e o cliente da Kumbayá Joias e, por isso, não sabiam como se posicionar estrategicamente. Por isso, ela e o marido optaram por trazer o marketing para dentro da empresa. Foi a partir desse movimento que ela recebeu a indicação de trabalhar com os marketplaces.
Além de ter que aprender muito sobre o varejo online e análise de dados, Maria Elisa também destaca outros desafios que enfrenta até hoje para conquistar e preservar seu cliente: ter um produto bom por um preço excelente, ter um ótimo atendimento e aumentar as vendas.
Sem deixar de aprender…
Uma parte importante do sucesso de Maria Elisa e do marido se deve ao fato de sempre buscarem informações: desde o início das vendas online, que era algo novo para eles, até hoje, quando ainda arranjam tempo para aprender.
“O aprendizado não acaba nunca“
Ela tinha pouco conhecimento de uso do computador quando começou, mas hoje já explora ferramentas analíticas para entender melhor o seu cliente, expectativas e comportamento. Além disso, Maria Elisa não deixa de procurar mais dicas de como utilizar os marketplaces e vender.
“Eu falo que o aprendizado não acaba nunca, então estou sempre ligada naqueles cursos que a Americanas oferece, os treinamentos. O ano passado eu fiquei muito feliz porque nossa empresa foi reconhecida como o seller (parceiro) mais engajado dentro da Americanas porque realmente a gente participava dos treinamentos assiduamente”, conta.
… nem de ensinar
Uma dica de Maria Elisa é para as pessoas não terem medo de compartilhar informações e aprendizados. Segundo ela, certa vez encontrou uma senhora em uma feira do ramo de joias, após anos afastada do varejo. Entre as conversas, a conhecida deu uma recomendação: “não vai comprar aqui [na feira] não. Aqui você só vem para olhar”. E se ofereceu para ensiná-la tudo que precisava para voltar ao mercado de forma competitiva: onde comprar produtos, onde fazer os banhos e até os melhores lugares para se conseguir boas embalagens.
Hoje em dia, Maria Elisa afirma que tenta fazer o mesmo: “Eu procuro fazer isso também. O fato de eu estar ajudando o parceiro não quer dizer que ele vai estar tirando meu cliente”, diz. Segundo ela, procura seguir um ditado de sua avó: “Quem bem faz, para si faz. Quem mal faz, para si faz”. E é assim, sem medo de ajudar e compartilhar, que ela e o marido vão construindo uma empresa que cresce em vendas, aprendizado e relacionamento com seus parceiros e clientes.
Ela ainda deixa um conselho importante para quem está começando: “Faça uma programação, crie objetivos que você quer alcançar e corra atrás. Realmente a satisfação e o resultado só vêm com muito trabalho. (…) Faça uma coisa que você gosta, trabalhe numa coisa que você gosta que aí fica fácil, aí fica leve, e certamente você fará o melhor que pode porque você tem prazer em fazer”.
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