A taxa de intercâmbio é cobrada no uso do cartão como meio de pagamento. Veja mais sobre ela!
A taxa de intercâmbio, ou interchange fee, é uma tarifa cobrada pelo emissor de um cartão de crédito ao banco de um empresário sobre as transações e operações que este banco autorizou para aquele negócio.
Este é apenas um dos encargos aplicados nos diferentes estágios das transações com cartão de crédito. Estes estágios são:
- Análise do adquirente: são feitas validações de segurança das informações do cartão e do usuário, entre elas, a data de validade, e se o número do cartão fornecido é de um emissor real. Essa validação tem um custo que é conhecido como taxa do adquirente;
- Utilização da rede da bandeira do cartão: aqui a empresa que é responsável pela bandeira do cartão fornece sua infraestrutura de rede que conecta todas as partes envolvidas na negociação e transação financeira. Isso implica em uma cobrança de taxa pela bandeira do cartão;
- Aprovação pelo emissor do cartão: nessa última etapa da transação financeira, a compra será aprovada pelo emissor do cartão. Ele é o responsável por começar o processo de liquidação do pagamento, que vai passar por todas as etapas e empresas envolvidas na transação até o valor chegar ao estabelecimento que fez a venda. Essa aprovação também tem a cobrança de uma tarifa, que é justamente a que chamamos de taxa de intercâmbio.
Cada uma das taxas cobradas recompensa a execução de um serviço feito para a autorização e transação.
No caso da taxa de intercâmbio, ela recompensa os emissores do cartão pelo envio de valores ao comerciante, após o pedido de cada consumidor. Isto é, em cada transação que o cliente utiliza seu cartão de crédito, ele manifesta o seu desejo desse pagamento. Por sua vez, essa operação envolve diferentes atores e diferentes custos, movimentando toda essa estrutura para que o valor seja liberado para o estabelecimento onde a compra foi feita.
O que é a taxa de intercâmbio e quem é quem nas operações?
Como já explicamos, a taxa de intercâmbio é uma tarifa cobrada na última etapa de uma transação de compra via cartão de débito ou crédito. Elas são cobradas pelo banco emissor do cartão, após ele executar a liquidação do pagamento.
Essa etapa só acontece após outros processos envolvidos na transação financeira, como análises das informações e conexões entre banco, cliente e a empresa recebedora. Toda a operação é feita e aprovada em poucos segundos, na maioria das vezes, mas ela passa por todo esse processo até a liberação da compra e a emissão da nota fiscal.
Nas operações financeiras, as relações entre as empresas e clientes são a parte que a gente vê da operação, mas há ainda atores do arranjo de pagamento e que são fundamentais para autorizar ou liquidar todas as transações financeiras, que são:
Emissores do cartão de crédito
São bancos, fintechs e instituições de pagamento que emitem os cartões e os disponibilizam para as pessoas. Ex: Nubank, Bradesco e Itaú.
Bandeiras de cartão
Órgãos reguladores que determinam as regras do mercado do cartão, como estabelecimentos em que cada cartão será aceito, se apenas em território nacional ou internacionalmente, e a quantidade de parcelas em que o cliente poderá dividir suas compras. Ex: Mastercard, Visa, Elo e American Express.
Adquirentes
Credenciadoras que fazem o processamento das operações de cartão de crédito e débito, funcionando como uma intermediadora entre um estabelecimento físico e o banco. São as empresas das maquininhas de cartão. Ex: Cielo, Rede, Stone e GetNet.
E nas vendas digitais?
O emissor do cartão e as bandeiras são fundamentais nas vendas online, assim como nas lojas físicas e atuam da mesma forma nas transações digitais.
A diferença ocorre no caso das adquirentes. Como não existem maquininhas de cartão no mundo digital, as adquirentes deixam de ter uma função no universo online e costumam ser substituídas de duas formas. São elas:
Gateways de pagamento
Terminal de cartão de crédito para e-commerce, onde o cliente fornece os dados da compra na página de checkout. Atua como uma ponte, passando informações para a adquirente, que fica responsável por processar a compra e comunicar o gateway. Ex: Pagar.me e Adyen.
Subadiquirente
Também conhecida como intermediador de pagamento. Ao contrário do gateway de pagamento que atua como uma ponte para processar a compra, a subadiquirente é quem faz a intermediação de pagamentos entre todas as partes envolvidas, sendo responsável pela aprovação dos pagamentos e pela segurança das operações. Ex: Paypal e Pagseguro.
As duas soluções são capazes de processar e liquidar as transações digitais. A grande diferença é que as subadquirentes costumam ser soluções de integração bem simples, com funções pré-determinadas e custos de implementação e de uso mais baixos que os gateways. Pela praticidade, baixo orçamento e facilidade em se poder começar a aceitar pagamentos online com apenas uma integração, elas são muito usadas por lojas menores.
Já os gateways oferecem soluções personalizadas, que demandam uma equipe de desenvolvimento ajustando recursos e funcionalidades para a realidade de cada negócio. Por isso, envolvem custos mais altos nessa personalização e atendem melhor a necessidade de negócios mais robustos.
Quais fatores influenciam na taxa de intercâmbio?
Risco de fraude, benefícios exclusivos a categorias e região de processamento: tudo isso influencia no valor cobrado na taxa de intercâmbio. Veja a seguir estes e outros fatores determinantes na hora de se calcular a taxa a ser cobrada pelo emissor do cartão:
1 – Local do processamento
Processamentos feitos por um adquirente local são mais baratas. Isto é, contar com um intermediador de pagamento que esteja posicionado no Brasil, tende a baratear a taxa de intercâmbio em comparação com bancos e intermediadores que operam em outros locais.
2 – Canal físico ou digital
As taxas de intercâmbio nos canais físicos também tendem a ser um pouco mais baratas que se a transação for feita por um canal digital. Isso acontece pois os riscos de fraude costumam ser menores nas compras presenciais.
3 – Tipo de negócio
Há países que podem beneficiar alguns tipos de negócio com taxas de intercâmbio mais baratas. Instituições de caridade (ONGs), agências de viagens, serviços de streaming e de utilidade pública podem ter incentivos especiais em em países como Austrália e EUA. Isso acaba resultando em taxas mais baratas para esses setores, em bandeiras como Visa e Mastercard, que as aplicadas em outros perfis de negócio.
4 – Crédito ou débito
Também por conta do maior risco de fraude nas compras feitas via cartões de crédito, estes tipos de cartão costumam ter taxas de intercâmbio um pouco mais altas que as de débito.
5 – Pessoal ou corporativo
Cartões de crédito corporativos tendem a ter taxas de intercâmbio mais elevadas que aqueles para uso pessoal.
6 – Negociação do empreendimento
Empresas maiores e com alto volume de transações acabam tendo maior poder de negociação da taxa de intercâmbio. Com isso, uma compra em uma loja grande tende a ter uma taxa menor que a compra em um comércio pequeno, com menor poder de barganha.
Qual o valor da taxa de intercâmbio?
Durante muito tempo houve pouca transparência sobre os valores cobrados nas taxas de intercâmbio e como eram calculadas. Elas representam o maior custo entre as taxas de processamento de transações com cartão, com valores definidos pelas bandeiras e pagos aos bancos. Mas, com toda a variação de mercado e do tipo de cartão utilizado (débito, crédito, pré-pago), ela eventualmente se tornava uma dor de cabeça muito grande para os empreendedores.
Empresas grandes acabavam conseguindo melhores negociações devido ao alto volume de transações, já as pequenas penavam com taxas mais altas e pouco poder de negociá-las.
Desde abril de 2023, as taxas brasileiras foram limitadas a 0,5% para as transações de débito e a 0,7% para transações nos cartões pré-pagos. Com isso, ao adotar esses meios de pagamento, os lojistas conseguem ter maior previsibilidade desta taxa. Já em relação ao crédito, não há uma regulação específica no país.
Seja aqui ou em outros países, os valores das taxas de intercâmbio são bastante debatidos e representam volumes enormes pagos anualmente aos bancos. Em 2022, varejistas norte-americanos pagaram a cifra de 160,7 bilhões de dólares em taxas de processamento – um aumento de 16,7% em relação a 2021, conforme dados da Nilson Report. Por lá, a taxa de crédito também não é regulada, apenas débito como aqui.
Pelo mundo, os valores das taxas de intercâmbio podem variar significativamente entre diferentes países e regiões, sendo que na Europa, as tarifas para débito são de 0,2% e de crédito são de 0,3%. Já no México, a tarifa de débito é de 1,15%, enquanto a de crédito é de 1,53%.
Apesar de desafiador, é fundamental que todo empreendedor acompanhe essas taxas e consiga ajustar sua operação para seu preço de vendas custeie os valores das taxas e não comprometa sua lucratividade.
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